terça-feira, 24 de agosto de 2010

Inquietações de um professor: é possível ainda ensinar?

Essa pergunta me vem a cabeça já faz algum tempo. Nós professores do século 21 vivemos uma crise do modelo educacional vigente, pois é evidente que ele já não corresponde a realidade da vida dos jovens “educandos”. Tudo para eles é chato, parado, enfadonho, desinteressante, ultrapassado... mesmo que eles não saibam o significado da maioria das palavras que acabei de citar, dá pra perceber a veracidade do que afirmo pelas reações deles: bocejos, espreguiços, ironias, indiretas, indiferenças, silêncio, barulho...Porém, vivi uma situação bastante inusitada outro dia, quando fui ministrar mais uma corriqueira aula de história para o segundo ano do Ensino Médio. Olha que o assunto ajudava: Segunda Guerra Mundial. Há o Hitler, os campos de concentração, as batalhas, os armamentos, as versões da guerra... trouxe até documentários. Mesmo assim, a reação era a mesma, ou seja, pasmaceira total. Foi quando estava falando do nazismo e afirmei que se tratava de um sistema totalitário. Imediatamente, um aluno me fez uma pergunta – e parece que tudo aqui é desencadeado por perguntas – “Professor, o que é um sistema totalitário?” Confesso que no momento fiquei chateado com o questionamento, pois já tinha falado disso uma trezentas vezes até aquele momento. Porém, numa sacada bastante ágil, me lembrei de outra pergunta: É possível um sistema totalitário tomar o poder novamente? Essa é justamente a linha condutora de um filme alemão recente, intitulado “A Onda”. Nele é discutido exatamente o conteúdo desse questionamento que fiz a mim mesmo. Imediatamente, me coloquei na mesma situação do professor da película, que tentava ministrar, de maneira convencional, uma aula sobre regimes ditatoriais. Como o país em questão é a Alemanha, os alunos já de antemão se colocaram fartos de falar sobre o nazismo e de como todos sabiam como aquele sistema era terrível, nefasto, maligno e tudo mais. Na visão dos alunos, nunca mais seria possível a adoção de um modelo político como aquele, pois todos já estavam suficientemente conscientizados das características negativas daquele sistema político-social. Naquela fração de segundo, quando do questionamento do meu aluno, olhei para eles e percebi a mesma situação encenada no filme alemão. Jovens de classe média alta, bem instruídos e alimentados e que possuem, com relativa facilidade, tudo que necessitam para viver razoavelmente bem. Será, como demonstra bem a trama, que tanto os endinheirados adolescentes alemães da atualidade, quanto os nossos jovens de classe média-alta, diante do caleidoscópio de relativismos de nossa época, tais como pais liberais e escolas e professores pouco rígidos, estão carentes de ideologias e crenças? Seria essa a brecha para o retorno de um sistema de cunho totalitário a espreita? Dentro desse contexto, quais seriam os grupos escolhidos como os diferentes, os culpados dos problemas. Os que não zelam pelo meio-ambiente? Os que não cuidam da saúde – fumam ou engordam, por exemplo, e que consumirão o suado dinheiro do contribuinte honrado, que cuidou da saúde. Seria fator de problemas sociais no futuro, os velhos doentes serem vítimas dos velhos “sarados”? Mais e mais perguntas, não? No filme o professor propõe, justamente para provar como uma sociedade alienada e desavisada, pode ser facilmente manipulada, uma aula diferente. Criou um movimento, que chamou de “A Onda”, tornou-se o guru do mesmo, unificou os trajes dos componentes, militarizou as condutas, bolou uma saudação para os integrantes daquele “organismo especial”, fatos que fizeram com que os não integrantes do movimento fossem olhados com desconfiança e, posteriormente, discriminados pelos efetivos integrantes da “nova onda”. Aliás, a experiência foi tão profunda, que alterou os destinos da escola e gerou inúmeros problemas. Quanto a minha aula resolvi, de bate - pronto, encerá-la e, na seguinte, passar o filme aqui citado. Muito interessante, que os meus alunos vibraram com o que foi apresentado como nunca antes haviam feito. Parece que se identificaram com os jovens alemães seus contemporâneos e foram fundo na discussão dos tais “regimes totalitários”, confrontando os próprios traços conservadores. Parece que os monstros que julgamos enterrados estão ainda bem vivos. Se na Alemanha há os imigrantes poloneses e turcos, os antigos alemães orientais, os muçulmanos... aqui temos os nordestinos atrapalhando São Paulo, os negros querendo direitos demais, os pobres empesteando as cidades , os índios querendo parar o Brasil com reservas...todos para serem identificados como o “outro”, o “abominável”, aquele que dá a sensação de decadência. Ao mesmo tempo, vivemos nesse inquietante “fio da navalha”, em que parece que o passado de ditaduras e perseguições é algo de museu, quase um fóssil. Será? Pelo menos é possível, mesmo que por um mísero segundo, ser otimista e afirmar que a educação ainda é possível, não?


A Onda


(Welle, Die, 2008)

• Direção: Dennis Gansel

• Roteiro: Todd Strasser (romance), Dennis Gansel (roteiro), Peter Thorwarth (roteiro)

• Gênero: Drama

• Origem: Alemanha

• Duração: 101 minutos

• Tipo: Longa-metragem


Sinopse: Rainer Wegner, professor de ensino médio, deve ensinar seus alunos sobre autocracia. Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder. Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema “força pela disciplina” e dá ao movimento o nome de A Onda. Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério, Wegner decide interrompê-lo. Mas é tarde demais, e A Onda já saiu de seu controle. Baseado em uma história real ocorrida na Califórnia, em 1967.

Postado por André

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Taxonomia em Botânica

Pessoal,

O CRIA, Centro de Referência em Informação Ambiental, está disponibilizando em seu site a obra prima da botânica brasileira. Flora Brasiliensis foi publicado em 1906 e conta com a descrição de mais de 22.000 Angiospermas brasileiras e cerca de 3.000 pranchas com desenhos das espécies escaneados em alta resolução. Diversos cientistas europeus, entre eles o naturalista von Martius, trabalharam desde 1840 no Brasil coletando as informações taxonômicas contidas nesta obra.

Pra quem tem interesse o site do CRIA ainda possui o projeto Flora Brasiliensis REVISITADA que fornece uma atualização dos nomes das espécies atualmente usados.

Coisa mais linda!


Diler

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Dimensões!

Um dos assuntos mais intrigantes relacionados à matemática é, sem dúvida, o estudo das n dimensões de um espaço.

Mas o que significa uma dimensão? Existe a quarta dimensão? Somos realmente seres que vivem num espaço tridimensional?





A matemática possui uma área que dedica parte de seus esforços exatamente aos estudos dessa questão: a topologia.

Na aula, passei para vocês dois animadíssimos vídeos que falavam um pouco sobre números complexos. Eles são dois capítulos de um filme produzido por três franceses que queriam popularizar um pouco as teorias matemáticas sobre o estudo dessas dimensões.



Nos primeiros capítulos, encontramos um pouco de duas dimensões, passando pela cartografia e por artistas famosos e no decorrer do filme, vamos passeando pelas outras dimensões, até chegarmos, finalmente na quarta!



Essa é a "sombra" de um "sólido" de 4 dimensões!



Você sabia, por exemplo, que existem objetos de dimensão 1,5? Isso mesmo! Nem 1, nem 2, 1,5!

Essas e outras bizarrices podem ser entendidas nessa viagem de duas horas, que você pode encontrar gratuitamente e sem cometer crime algum aqui (via torrent), aqui (online), aqui (com o link direto) ou ainda aqui (comprando o DVD)!

Ah, e não se esqueçam da legenda!


Beijos e abraços!

O geogebra

E ae povo!

Vim falar daquele programinha que eu usei nas aulas de funções trigonométricas com vocês: o Geogebra!

Ele é chamado de Software de Matemática Dinâmica e faz tudo o que você possa imaginar! Basta saber um pouco de matemática, aprender alguns comandos e voilà:



Um exemplo bacana é esse joguinho que o pessoal da UFF fez:


Passar do nível 12 é obrigação ein!



E para quem tem um pouco de interesse e curiosidade, você pode encontrar o software pra download aqui. E não se preocupem, esse é um software é de licensa livre e não seremos perseguidos até a morte pelo FBI por fazer o download.

Ah, e em breve enviarei os aqueles applets que trabalhamos em sala de aula e mais alguns.


Beijos e abraços !

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Síntese Proteica in the sky with diamonds

Salve turma!
Esse post é sobre uma das coisas mais bizarras e fantásticas que já assisti no youtube. Já havia postado isso no blog da bio mas talvez por aqui muita gente não tenha visto ainda. Depois de "truco valendo toba", "sanduiche-iche", "fala sônia" e outros do gênero, este filme é mucho loco. Reparem que eu disse (escrevi, tá bom) filme e não vídeo, porque de fato isso foi filmado em película na década de 1970. E obviamente, regado com muito LSD.

Trata-se de uma aula ao ar livre de síntese protéica filmado no gramado da Universidade de Stanford em 1971, narrado por Paul Berg, nobel de química em 1980.

O prof Paul dá uma aulinha na lousa para apresentar os personagens (repare no tamanho do giz!!!) e o lance começa. Reparem na trilha sonora ao vivo, tipo The doors, com poeminhas e tudo o mais. Vale a pena ver. Em inglês.



Postado por Diler

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Copa do Mundo... Para refletir


Pela primeira vez na história a copa do mundo está sendo realizada no continente africano.

Em grande estilo, shows com músicos internacionais foram realizados as vésperas da rodada de abertura.

Entre as torcidas, a celebração acontece ao ritmo das vuvuzelas, com coreografias e beldades que não fariam feio nas passarelas da São Paulo Fashion Week (e viva as suecas!).

Em meio a este fabuloso evento, observa-se um espetáculo de tecnologia com chuteiras que se adaptam aos pés dos jogadores e ao gramado; uniformes personalizados; fantásticos estádios; gravação em 3D; além, é claro, da polêmica jabulani.

Mas próxima a tudo isso (e bem longe das câmeras) a pobreza salta aos olhos. Tudo isso num país que é considerado umas das poucas exceções do continente, por ter alcançado uma relativa estabilidade política e desenvolvimento.

As poucas imagens e notícias da miserabilidade veiculadas pela mídia não são muito diferentes das que encontraríamos em qualquer outra metrópole pobre africana: ausência de infra-estruturas básicas, filas de desempregados, violência...

Entre estas demonstrações do absurdo dormimos tranqüilos, nos apegando ao imaginário popular de que a Copa do Mundo, além de trazer um grande destaque para o país em âmbito internacional, resulta em oportunidades infindáveis oportunidades de emprego e grande desenvolvimento.

A copa é o resgate e salvação do continente africano!!!

Doce ilusão...



Postado por Carboni